Rio -  Os dois maiores bancos privados do País, Bradesco e Itaú Unibanco, anunciaram ontem a redução, a partir de segunda-feira, nas taxas de juros nas operações de crédito e financiamentos a pessoas físicas e empresas. As duas instituições foram pelo caminho aberto por Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal e seguido por HSBC e Santander. Para os clientes, é hora de procurar gerentes, cobrar as taxas anunciadas e trocar dívidas mais caras, como as do cheque especial, pelas mais baratas do consignado, o empréstimo com desconto em folha que está com juros abaixo de 1% ao mês.

TAXAS BÁSICA TAMBÉM CAIU

Para completar as boas notícias do dia, no final da tarde, o Comitê de Política Monetária do Banco Central anunciou a redução da taxa básica de juros da economia (Selic) de 9,75% para 9% ao ano, em um novo corte de 0,75 ponto percentual. Com isso, os juros caíram ao menor nível desde abril de 2010 (8,75% ao ano — mínima histórica, que vigorou entre julho de 2009 e abril de 2010). Esta foi a sexta redução consecutiva da taxa.
Foto: Infográfico: O Dia
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Professor de Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Alexandre Canalini destacou a iniciativa pioneira do governo em usar as instituições públicas para mexer no mercado, obrigando bancos privados a reduzirem suas taxas. “O governo colocou os bancos numa situação em que ou eles reduziam taxas ou corriam o risco de perder clientes”, explicou.
No Bradesco, por exemplo, a taxa de crédito pessoal caiu de 2,66% para 1,97% ao mês. Já o Itaú Unibanco, o empréstimo foi a 0,89% ao mês.
Foto: Infográfico: O Dia
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Queda é bem vista, porém juros ainda são elevados

O empréstimo feito há algumas semanas com juros altos deixou a assistente administrativa Cristiane Moreira, de 34 anos, assustada: “Foi uma negociação necessária, mas se soubesse que poderia haver a queda iria esperar”, conta.

Já o servidor estadual Franco Matos, de 54 anos, acredita que os valores ainda são altos para padrões internacionais: “Temos juros muito altos para uma economia como a nossa, que deveria priorizar o consumo através do crédito”, explica Matos.
O dono de ótica Luiz Carlos Lopes, de 47 anos, vê a jogada dos bancos privados com apreço, mas argumenta que ainda atrapalham o crescimento do empreendimento: “Assusta muito o pequeno comerciante esbarrar em juros tão altos ainda. Inibe quem quer começar”, diz.
MAIS DINHEIRO DISPONÍVEL

MAIS CRÉDITO
O Bradesco informa que ampliou o limite de crédito em mais R$ 15 bilhões, sendo R$ 9 bilhões para pessoas físicas e R$ 5 bilhões para empresas.

MONTADORAS
O Bradesco também oferece mais R$ 6 bilhões de limite de crédito à disposição dos bancos ligados às montadoras de veículos.

CRÉDITO RESPONSÁVEL
O Bradesco acrescenta que continuará estudos em diversas modalidades de crédito, observando o perfil de risco dos tomadores de crédito e incentivando o crédito responsável, a fim de evitar o endividamento excessivo.

PEQUENAS EMPRESAS
O Itaú informa que reduziu as taxas de juros mínimas nas linhas de crédito para as micro e pequenas empresas. No Capital de giro, os juros serão a partir de 1,14% ao mês; no desconto de duplicatas e cheques, a partir de 1,29% ao mês; e na antecipação de recebíveis, 1,05% ao mês.


1. Como aproveitar a queda dos juros para negociar dívida?

Hoje, todo cliente tem direito à portabilidade, ou seja, transferência da dívida e conta para outro banco. Converse com gerente e busque melhor proposta com juros menores e pague as dívidas antigas.


2. Como saber quais são as melhores taxas de juros?

A informação é a melhor arma do cliente. Pesquise, veja que proposta é mais vantajosa e avalie se vale a pena mudar de banco. Em caso de dúvida procure ajuda de um especialista em finanças.


3. É a hora de comprar ? As lojas vão baixar seus juros?

É bem provável que as lojas baixem seus juros. Então, é melhor esperar um pouco para comprar a geladeira ou o fogão novos. Ou pegar um empréstimo bancário e pagar à vista pelo produto exigindo desconto.


4. Haverá redução nas taxas dos imóveis?

Neste primeiro momento, não. O mercado imobiliário está bem aquecido e as taxas já foram ajustadas. O ideal é consultar o melhor financiamento, com a menor taxa possível, para financiar o imóvel desejado.


5. Agora é o momento certo para trocar de carro?

Sim. A redução das taxas de financiamento para menos de 1% é favorável para o cliente, que poderá escolher o modelo com maior liberdade. Antes, os descontos ocorriam conforme a vontade das montadoras.
Fonte: O Dia